A economia é movida pelas expectativas e essas sofrem profundas influências do correto trabalho tanto do Ministério Público quanto da Polícia Federal na investigação e punição da corrupção, praticada por grande parte da classe política, envolvendo a totalidade dos grandes partidos.

Palmas para a Operação Lava Jato que, com os seus muitos acertos e alguns exageros e/ou erros, talvez esteja criando condições para uma grande revolução sem armas no Brasil, uma revolução que mostra como uma sociedade consciente cobra uma posição coerente do poder público, das instituições e dos seus representantes políticos.

Eticamente é estarrecedor que políticos tenham continuado a praticar delitos mesmo quando presos, que senadores, deputados, presidentes e ex-presidentes da República estejam envolvidos em atos ilegais, comprovados por gravações, por vídeos, por delações e/ou por fortes indícios colhidos pelos investigadores.

Não podia ser outra a reação da economia a fatos tão graves. Empresários adiando investimentos, Bolsa em queda com interrupção das atividades, dólar em alta, bônus de empresas brasileiras despencando no mercado internacional, entre outras reações advindas de uma economia em ebulição devido ao conturbado cenário político.

Assim, como nos últimos meses dos Governos Collor e Dilma, não existe a mínima condição política de governabilidade para a permanência do, já anteriormente frágil, Governo Temer. Em caso de renúncia ou impeachment, caberá ao congresso eleger o presidente. O cenário de permanência de Temer sugere fortes emoções e instabilidade o que seria péssimo para a economia.

Os cenários para mudança dependem do pacto político que será feito para a eleição do Governo de Transição no Congresso. Devem ser priorizados pontos mínimos como o equilíbrio das contas públicas, a prioridade na manutenção da inflação abaixo do centro da meta, acelerar as concessões, definição de obras de infraestrutura a serem aceleradas e o grande debate para uma profunda Reforma Política, a mãe de todas as reformas.

As reformas tributária, trabalhista e da Previdência seriam debatidas à exaustão para serem aperfeiçoadas e implantadas pelo presidente eleito em 2018.


Lauro Chaves Neto

lchavesneto@uol.com.br
Presidente do Conselho Regional de Economia, consultor, professor da Uece e doutor em Desenvolvimento Regional