A lógica do corte e contingenciamento de gastos, que tem norteado a ação da equipe econômica do governo, atingiu fortemente os recursos para a realização do Censo Demográfico de 2020, realizado pelo IBGE, que sofreram uma redução da ordem de 40%. Tal corte compromete a qualidade das informações sobre a realidade socioeconômica do país e coloca em risco análises de natureza socioeconômica nos próximos dez anos.
Deve-se destacar que as informações coletadas pelo Censo junto aos 210 milhões de brasileiros são cruciais não apenas para o planejamento governamental, mas também para o setor privado e as instituições de ensino e pesquisa. Por exemplo, as informações sobre o contingente populacional de cada município, apuradas pelo Censo, são indispensáveis para possíveis correções na distribuição dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), para a elaboração de políticas educacionais e de saúde, para a geração de emprego e renda e redução das desigualdades.
Deve-se ressaltar, ainda, que as fortes restrições impostas pelo governo federal às atividades do IBGE têm se repetido em várias unidades da federação, com substantivos cortes orçamentários e, ainda pior, com o fechamento de instituições de planejamento, pesquisa e estatística, como ocorrido na Paraíba, Piauí e Rio Grande do Sul.
O Censo contribui de forma decisiva para a promoção de melhores condições de vida para a sociedade brasileira. Por se tratar de uma pesquisa tão fundamental para o planejamento e execução das políticas públicas, o Cofecon se posiciona contrário ao corte de recursos que possam comprometer sua qualidade.