HOMENAGEM DA CÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZA AO CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA DA 8ª REGIÃO
Professor Enílson: Parabéns a todos os homenageados e neste momento eu concedo a palavra ao professor Marcelo Gurgel Carlos da Silva para agradecer esta noite de homenagem.
Senhoras e senhores, boa-noite!
Gostaria de saudar a mesa aqui composta pelo senhor vereador Enilson, que é o proponente desta solenidade, e está acompanhado do presidente do Conselho Regional de Economia 8ª Região – Ceará (Corecon-CE), o Dr. Igor Lucena; o Dr. Vicente Ferrer, presidente dos Sindicatos dos Economistas do Ceará; o Sr. José Wandemberg Almeida, vice-presidente do Corecon-CE e a Dra. Isadora Osterno, conselheiro do Corecon-CE.
A princípio, vão achar estranho o que é que faz um médico nesta tribuna, no evento do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE).
Não me sinto desconfortável, porque eu também sou economista e tenho o número de registro 1999, formado pela UFC, em 1986. Nesse aspecto tem uma singularidade, porque sou o único médico que tem inscrição no Conselho de Economia do Ceará e em atuação também, fazendo uma área de interseção, trabalhando com a economia da saúde. É com prazer que eu me encontro na situação atual, pelo fato de que cabe a mim falar dos homenageados. Há cerca de 12 anos, eu estava exatamente do lado de como vocês se encontram.
O Conselho Regional de Economia 8ª Região – Ceará teve um especial cuidado em relação à minha pessoa, em me dando a ser um dos seus homenageados, em uma solenidade similar, também na Câmara Municipal de Fortaleza. Este evento, como marca, é alusivo ao Dia da Economista, o 15 de agosto, que se reporta a data em que a profissão de economista foi reconhecida em nosso País. No caso de Fortaleza é um dia até bastante especial, porque é um feriado municipal, já que a nossa padroeira é Nossa Senhora da Assunção e 15 de agosto é o dia dedicado pela Igreja Católica à Maria, no caso, a Assunção de Nossa Senhora, aos festejos da Assunção de Nossa Senhora.
Então, em data próxima a 15 de agosto, o Conselho de Economia sempre é alvo da realização de solenidade quando se presta o seu reconhecimento àqueles profissionais que ajudaram a engrandecer à Economia e à ciência econômica no estado do Ceará. Desta feita, nós temos quatro economistas e uma jornalista. São quatro homenagens a pessoas que estão na nossa convivência e uma in memoriam.
A primeira que se apresentou aqui foi a jornalista Joelma Leal, que é formada pela Universidade de Fortaleza e tem pós-graduação em marketing na UFC e está, atualmente, como ombudsman do Grupo de Comunicação de O Povo. Às vezes, provoco os ombudsmans de O Povo, mas ela tem sido poupada por mim. A minha família também tem um histórico de ombudsman, pois a minha irmã Márcia Gurgel, ex-jornalista do O Povo, foi a segunda ombudsman, substituindo a grande jornalista Adísia Sá. Essa foi, para ela, uma tarefa realmente muito difícil. O jornal O Povo foi pioneiro nessa prática de ter um ombudsman.
Joelma Leal teve a grande responsabilidade por agir como editora executiva de sete edições do Anuário do Ceará, uma publicação longeva e de grande repercussão no Estado do Ceará, pelo que mantém como acervo e pela compilação de dados importantes que servem para conhecer bem o que é o Estado do Ceará, a cada momento.
Tivemos aqui Fabrício Linhares, economista pela UFC, turma de 1997, com mestrado na UFC, e doutorado pela Universidade de New Hampshire, o estado estado coirmão do Ceará, dentro da parceria dos Companheiros da América, e que, também, fez pós-doutorado em Universidade de Cambridge, uma universidade de referência da Inglaterra. Ele é professor associado da UFC, tem ampla experiência na área de economia, nas orientações de pós-graduação, na coordenação de pesquisas, e suas áreas de atuação incluem métodos e modelos econométricos aplicados em temas como crescimento e desenvolvimento econômico, bem como finanças públicas. Ele pertence ao CAEN (Centro de Aperfeiçoamento de Economistas do Nordeste), que é uma grande referência para a economia cearense, como um órgão formador dos economistas ao nível da pós-graduação, uma instituição credenciada que existe há mais de 50 anos, de uma época que foi pujante do início, desde os primeiros anos da UFC. O Centro de Aperfeiçoamento de Economia do Nordeste, conhecido pela sigla CAEN, era uma referência para a qual acorriam economistas de vários pontos do país, que faziam um processo seletivo unificado, que recruta candidatos de todo o Brasil. O CAEN sempre, mercê da sua qualificação, tem sido muito buscado por economistas de todo o nosso País.
Tivemos, também, com a mesma formação, oriundo do CAEN, o professor Ricardo Antônio de Castro Pereira, formado pela UFC em 1993, com doutorado na Fundação Getúlio Vargas, uma grande instituição nacional, como uma referência e um centro formador do pensamento da economia brasileira. Ele também é professor associado da UFC, é docente e foi coordenador do programa do CAEN. Exerceu cargos de direção do IPECE, órgão vinculado à SEPLAG-CE, como diretor de Estudos Sociais.
Raquel da Silva Sales é formada em economia pela Unifor, e destaca na sua formação o fato de ter sido aluna marista, o que nos remete a um momento de grande saudade, quando lembramos do grande colégio que foi o Colégio Cearense Sagrado Coração, pertencente à Irmandade Marista, um reduto da formação de grandes profissionais cearenses por muitas décadas, e que foi lastimável esse colégio tenha sido extinto. Eu não fui aluno marista, lamentavelmente, O seu grêmio estudantil, o Grêmio Verdes Mares, editava uma revista que merece ser vista, ser lida, porque nela figuram pessoas que se tornaram grandes intelectuais do Ceará e já despontavam quando ainda alunos do Seriado, em uma época em que não existia científico. Era o Seriado dos anos 1920, 1930; o Colégio Cearense era a escola que formava as elites pensantes do Estado do Ceará, que os encaminhava para o ensino superior.
Raquel Sales foi da primeira turma do mestrado profissional do CAEN, tem experiência na elaboração de estudos e diagnósticos socioeconômicos com ênfase no Ceará. Ela, inclusive, participou de um grupo de trabalho, junto à Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA), na área da RIPSA, um projeto da construção de indicadores da saúde, porque há uma intersecção muito próxima, de saúde e economia. Ela foi consultora do Banco Mundial para a África, nos países São Tomé e Moçambique, e participou de missões do ultramar, como consultora, e foi também consultora da Fundação Demócrito Rocha.
Por último, e não menos importante, foi a homenagem póstuma que se prestou aqui a Maria Helena Lima Souza, a professora, a doutora Helena, como ela era conhecida na SESA, órgão em que ela trabalhou por mais de 30 anos e deixou um lastro de atividade excepcional em termos de formar equipes. Ela foi presidente do Conselho Regional de Economia daqui, logo com poucos anos de formada e, como economista, trabalhando na Secretaria de Saúde, ela se aproximou muito da nossa área; sabe-se que a ela, juntamente com a Vera Coelho, a história da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará tem muito a dever a essas duas pessoas. Vera Coelho continua ativa, nenhum secretário de saúde do Estado larga ou libera a Vera, para qualquer outro órgão ou a dispensa do seu concurso, dada a sua competência.
Vera Coelho fez mestrado em Saúde Pública na Universidade Estadual de Ceará (Uece), sob a nossa orientação docente, o mesmo percurso que a Helena Lima também faria. A Helena fez o mestrado em Saúde Pública e depois o seu doutorado em Saúde Coletiva conosco, quando eu tive o prazer de ter sido o seu orientador. Helena Lima ocupou funções de relevo no cenário nacional, como vice-presidente da Associação Brasileira de Economia da Saúde, e se tornou uma das maiores experts na área da alocação de recursos da saúde, uma pessoa extremamente engajada em Saúde Pública, na construção do Sistema Único de Saúde. Ela se aposentara da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará e se tornara docente, como professora visitante da Uece, construindo um trabalho excepcional de formação de pessoal e de pesquisadora.
Ela deixou algo que nós temos a certeza de que terá continuidade em seus filhos: a sua filha Natália, enfermeira, segue passos semelhantes, tendo feito o mestrado em Saúde Pública, sob a nossa orientação, e agora está terminando seu doutorado também em Saúde Coletiva na Uece; temos, também, que esteve aqui recebendo a homenagem póstuma à doutora Helena, o seu filho André Lima, economista de formação que fez mestrado e doutorado, doutorou-se em Santa Catarina e é professor da Uece. Por isso, eu digo que há uma continuidade do trabalho da professora Helena, ele também está se aproximando da área da Economia da Saúde e terá um grande encargo para os próximos anos.
Com efeito. a Uece está montando a sua graduação em Ciências Econômicas, um dos imperativos para ela ter o porte de uma universidade de respeito. Era antes uma universidade que estava incompleta, porque não tinha medicina, e, então, criamos a medicina. Eu fui o responsável por liderar o projeto da elaboração do curso e também por sua coordenação nos cinco primeiros anos da graduação em medicina da Uece.
Baseado nessa experiência, eu também fui até chamado, em outra época, para montar o curso de Direito da Uece, no primeiro momento, mas as condições não estavam propícias, o projeto ficou parado, foi retomado recentemente e há poucos semestres, dois cursos estavam em processo de organização: o curso de Direito já saiu e teve o seu primeiro vestibular e o curso de Ciências Econômicas está na fase de encaminhamento para aprovação dos colegiados da Uece, nas instâncias superiores da instituição. Então, logo mais, ele estará disponível para a sociedade cearense.
O Prof. André Lima está sendo um dos alicerces desse novo curso, sendo parte desse esforço. Por que que eu falo da participação da doutora Helena Lima? Porque uma das últimas coisas que ela fez, antes de ser acometida por um grave problema de saúde, que a deixou em coma por vários meses e terminou com a “indesejada das agentes” nos privando do seu convívio. Helena Lima deixou um projeto em construção, o esboço do projeto do curso de Ciências Econômicas, que foi construído a seis mãos: éramos Helena e, André Lima e eu, um esboço que foi o documento seminal para que a Uece aceitasse a ideia de que uma universidade do tamanho, do porte que apresenta, precisaria ter a sua graduação em Ciências Econômicas.
Ela virá para se somar às graduações existentes, que são poucas no Ceará. Nós temos a UFC, com o curso mais antigo, que formou grandes quadros para o Banco do Nordeste, para as secretarias de estado da área econômica. Temos o curso de Ciências Econômicas da Universidade Regional do Cariri (Urca), sediado no Crato; tem ainda o curso da UFC, no campus de Sobral, mas é um curso não de Ciências Econômicas, mais direcionado a uma área da Economia, que é o curso de finanças; além desses, que são públicos, há apenas um privado, ofertado pela Unifor. A Uece vai se somar a esses cursos existentes brevemente.
Então, para encerrar, esse é um momento em que cabe aqui recordar que o Ceará foi cenário da existência de grandes nomes da Economia, relacionados a seguir.
Alguns nós os perdemos, mas outros estão vivos e ativos entre nós. Eu cito, por exemplo, Pedro Sisnando Leite, o grande nome do pensamento e do desenvolvimento econômico, sobretudo, na área agrária. É um pesquisador, um economista, que talvez seja o brasileiro que tenha mais obras integrando o acervo da Biblioteca do Congresso nos Estados Unidos. Se se entrar na home page da citada biblioteca do congresso norte-americano, a maior do mundo, vai se deparar com dezenas de obras do professor Pedro Sisnando Leite.
É da produção cearense na UFC que saiu, por exemplo, Gonzaga Mota, ex-governador do Estado, um grande planejador, que ainda muito jovem foi secretário de planejamento e se tornou governador do Estado do Ceará, que está muito presente na mídia como formador de opinião, ainda ativo.
Tem-se Raimundo Padilha, o da Bolsa de Valores, em que praticamente o trabalho dele, na Bolsa de Valores, se confundia com a sua atuação. Ele viveu, vive e está afastado atualmente da direção, mas ele é a referência da Bolsa de Valores. Ele, recentemente, lançou um livro das suas crônicas, dos seus contos, mostrando que os economistas também podem ter uma inserção no campo da literatura, assim como tem o professor Gonzaga Mota.
Em uma área mais técnica, tem-se o Mauro Benevides Filho, que veio com excelente formação norte-americana e foi muito bem aproveitado no seu concurso fora da academia, tornando-se um baluarte da área da fazenda, da área fiscal, aqui no Ceará, e faz um grande trabalho no cenário nacional como legislador.
São nomes do Ceará que, realmente, garantiram projeção e reconhecimento além das nossas divisas. Hoje, temos na figura do atual presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará, o doutor Igor Lucena, que é PhD em economia, ainda bem jovem, o que surpreende, quando se vê a idade dos nossos conselheiros e presidentes dos conselhos profissionais, talvez, ou certamente, é aquele que tem a menor idade, nascido há menos tempo. Mas, nem por isso, o fato de ele ter poucos anos – acho que eu tenho mais tempo de formação em economia do que o doutor Igor, de nascimento – limita a sua experiência ou a sua habilidade gerencial.
Igor Lucena é uma pessoa que se dedica muito à atuação profissional e, como tem uma atividade operante na área conselhal, como presidente do conselho, ele tem trazido ao Conselho Regional de Economia uma grande visibilidade para a sociedade. Recentemente, sob os cuidados do seu conselheiro Vicente Férrer, alguns dizem Ferrér, – não há muito acordo quanto à pronúncia do sobrenome –, que é presidente do Sindicato dos Economistas do Ceará, juntamente com o doutor Igor Lucena, fizeram uma obra monumental, lançada há pouco mais de três meses; um trabalho de vulto, robusto, em capa dura, com a participação de 30 economistas, que falam sobre os desafios da Economia no Ceará. Uma obra de peso, não só pelo tamanho e do peso físico que a mesma tem, mas pelo conteúdo que ela ostenta. Realmente, será uma obra de referência para os nossos governantes.
Eu peço as minhas escusas por me alongar neste elóquio, de improviso; mas, como os homenageados ao receberam as suas placas e certificações, não foram brindados por uma leitura prévia das suas qualificações, eu tomei a liberdade de o fazer, qualificando cada um que foi aqui homenageado.
Então, eu registro aqui o meu muito obrigado e agradeço a consideração que a Câmara Municipal de Fortaleza teve, a partir do vereador Prof. Enilson, bem como o cerimonial da casa, por me colocarem, sem os méritos apropriados, à mesa de diretora desta Sessão Solene.
Muito obrigado.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Economista Corecon-CE Nº 1999
Notas: 1. Gravado na Sessão Solene da Câmara Municipal de Fortaleza, alusiva ao Dia do Economista, em 9 de agosto de 2024. A transcrição da minha fala, extraída do audiovisual, cedido pelo assessor parlamentar André Braz, foi feita pela jornalista Clara Studart em 13 de setembro de 2025.
- A versão completa está disponível no You Tube. https://www.youtube.com/watch?v=ztYbFqsnNTg







