A economia brasileira voltou a crescer. Em 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 1% ante 2016. O resultado refle o desempenho da agropecuária (13%), dos serviços (0,3%) e indústria (0%), que ficou estável. As riquezas do País somaram R$ 6,6 trilhões, voltando ao patamar do primeiro semestre de 2011. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O PIB do Ceará, que deverá ser divulgado na segunda quinzena de março, deve superar o crescimento nacional. A estimativa do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Estado (Ipece) é que fique em 1,5%.

Para o presidente do Conselho Regional de Economia no Ceará (Corecon-CE), Lauro Chaves, o resultado do País consolida a saída da maior recessão da história, com queda de 3,5% em 2015 e 2016. “A perspectiva de crescimento para 2018 é positiva, porque conseguimos vislumbrar uma retomada nos investimentos e na indústria”, diz.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, acrescenta que o caminho para alta em 2018 e 2019, com estimativas da ordem de 2,8% e 3,1%, está minimamente pavimentado com o resultado de 2017.

“O grande desafio será a retomada vigorosa dos investimentos que depende da recuperação consistente da confiança de investidores e empresários, bem como o consumo das famílias e o setor externo, que passa pelo ambiente fiscal equilibrado e monetário austero”, avalia.

O economista Sérgio Melo ressalta que o resultado ratifica a saída efetiva do processo recessivo que o País viveu durante praticamente três anos. Sobre o fraco resultado do quarto trimestre de 2017, quase estagnação, não se deve só ao arrefecimento do consumo e dos serviços. Segundo ele, ocorreu “porque a crise política amedrontou os investidores, que pisaram no freio”.

Na análise do economista Gilberto Barbosa, é uma retomada principalmente cíclica, devido à forte queda dos juros durante esse período. O efeito deve perdurar em 2018. E como no segundo semestre de 2017 a economia desacelerou, com queda do consumo e das exportações, apesar da alta nos investimentos no último trimestre, o número veio abaixo das expectativas.

“O lado “positivo” é que, mantido um cenário de inflação baixa, dá mais espaço para o Banco Central continuar baixando juros, aumentando o impacto do fator cíclico na retomada”, afirma, acrescentando que para um crescimento mais robusto em 2019 deve haver definição sobre o futuro das reformas, que dependem do resultado das eleições desse ano. Para Gilberto, o Pais pode crescer se eleger um candidato reformista. “Mas, com cenário de reversão do ajuste fiscal, podemos voltar à recessão”, afirma.

PERSPECTIVA

A estimativa do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Estado (Ipece) é que a divulgação do PIB do Ceará se dê na segunda quinzena de março.

AVALIAÇÃO

O QUE DIZEM OS SETORES

COMÉRCIO

“Esse crescimento do PIB, aparentemente pequeno, é muito positivo. Confirma o que os indicadores econômicos já vêm mostrando. Ainda preocupa o desemprego, que está patinando, mas temos certeza que vai entrar na esteira da recuperação. É um bom sinalizador porque a economia se faz com notícias positivas, com confiança. Acreditamos que tudo vai melhorar”

Presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes lojistas do Ceará (FCDL), Freitas Cordeiro

INDÚSTRIA

“O resultado veio dentro do esperado. A indústria de transformação cresceu no quarto trimestre mostrando uma tendência para 2018. A expectativa é que transformação e serviços industriais de utilidade pública (Siup), cresça 3,76% e puxe a alta no País, estimada em 2,89% em 2018”.

Economista da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Guilherme Muchale

AGROPECUÁRIA

“É um resultado muito positivo para todos os brasileiros e o desempenho da agropecuária merece ser enaltecido, porque concorreu para a redução dos preços dos alimentos, da inflação, e das exportações. No Ceará, sofremos com os anos de seca, mas o quadro começou a mudar no ano passado”.

Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (FAEC), Flávio Saboya

SERVIÇOS

“O setor teve um primeiro semestre de queda e uma pequena alta no segundo semestre de 2017. Depois de chegar ao fundo do poço paramos de cair e houve melhora para alguns segmentos e piora para outros. A gente espera que essa estabilidade se mantenha nesses primeiros meses de 2018 e no segundo semestre a gente aposta numa alta”.

Presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), Rodolphe Trindade