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Remetente: CORECON-CE
Destinatário: CIÊNCIA ECONÔMICA

 

Querida Ciência Econômica,

Iniciamos essa carta relembrando o quanto nosso primeiro encontro teve um efeito fenomenal na nossa maneira de entender e analisar o mundo ao nosso redor. Você que nos ensinou que uma das virtudes que mais se deve valorizar é a cooperação. Por vezes queria entender como um mundo individualista e ganancioso poderia aceitar que cooperar mutuamente seria o melhor caminho a ser trilhado rumo à prosperidade.

Daí em diante, não paramos mais de dialogar, o que sempre foi para nós algo muito precioso. Mas, como você bem sabe, somos curiosos irremediáveis, e por isso confessamos que, por vezes, gostavámos de testar seus conhecimentos e confirmar se tudo o que você disse realmente tinha efeito prático e positivo. Ao longo dos seus pouco mais de 300 anos de história, você nos presenteou com brilhantes alunos, como Smith, Ricardo, Keynes, Furtado, Friedman, Marshall, Laffer, Sharpe, Lucas e tantos outros que, no decurso das décadas, escreveram obras clássicas em sua homenagem, tornando seus dizeres fontes que guiam a humanidade até hoje.

Mas o real intuito dessa carta é valorizar os extraordinários impactos que você produziu, produz e produzirá na vida de milhões de indivíduos, famílias, empresas e governos ao redor do planeta. Você não se cansa de ensinar, é atemporal, ordenada, corajosa e encorajadora. Seus inúmeros, maravilhosos e disciplinados alunos não se cansam de servir de exemplo para as atuais e futuras gerações.

Nada mais empolgante do que saber que mesmo sendo considerada uma ciência relativamente jovem, você persevera em manter tradições exaustivamente testadas ao longo do tempo, via análise da própria história, além de valorizar a meritocracia e buscar modernas e arrojadas formas de se manter conectada aos que te procuram e sentam à tua mesa para ler, entender, pensar e testar seu pensamentos.

Mas uma coisa me intriga, por favor perdoe a insistência: Apesar de tantos anos provando o quão valioso são seus conhecimentos, que ao serem bem usados se tornam fontes de saber que diminuem a pobreza e fazem prosperar as nações, muitas vezes me pergunto como não entendem que o teu desejo é educar e melhorar o bem-estar de todos? Como não te percebem como uma mãe que sabe repartir o bolo da prosperidade mesmo com tantos filhos? Pois é, você, assim como uma mãe, por vezes, mesmo a contragosto, precisa alertar sobre os maus caminhos. Afinal, seus princípios básicos sempre foram: poupar, controlar desejos, planejar, investir, não gastar mais do que recebe e tantos outros aspectos que só nos levam à bonança.

Aproveito para te comunicar que de certa forma somos como você, basta notar que escrevo em um meio de comunicação quase esquecido: uma carta. Poderia ser um e-mail, SMS ou outros meios modernos sem qualquer problema, mas, assim como você, privilegio o conteúdo à forma, a essência à superficialidade e o conhecimento à ignorância. No mais minha querida e estimada amiga, apesar das nossas inquietações sobre qualificarmos estudos concernente à escassez, não serei, neste momento tão singelo de te escrever e nem compendiado em reconhecer tua importância em nossas vidas e de tantos outros. Uma palavra frase final deve resumir essa carta: Uma sociedade que abomina os livros, principalmente os de economia, é uma sociedade fadada ao fracasso.

 

Fortaleza, 29 de março de 2023.

Igor Macedo de Lucena
Presidente do CORECON-CE