Informação faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE

Dinheiro – Negocios – 29ne0217 – TUNO VIEIRA

A diferença de rendimento entre homens e mulheres persiste no Estado. Enquanto eles ganham R$ 1.445, elas recebem R$ 1.260 ( FOTO: TUNO VIEIRA )

01:00 · 30.11.2017 por Hugo Renan do Nascimento – Repórter

O rendimento médio mensal dos trabalhadores cearenses, de 14 anos ou mais de idade, figura como o quinto pior do País e fechou o ano de 2016 em R$ 1.370, de acordo com informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgadas ontem (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os homens continuam ganhando mais que as mulheres, enquanto que brancos se sobressaem aos pretos e pardos no Estado. Segundo os dados do IBGE, os trabalhadores do sexo masculino têm rendimento médio de R$ 1.445 contra R$ 1.260 das trabalhadoras cearenses.

Já os brancos possuem rendimentos médios de R$ 1.863; pretos, R$ 1.023; e pardos, R$ 1.191. Em relação à localização geográfica, os trabalhadores de Fortaleza têm os maiores rendimentos, de R$ 2.072.

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Já os moradores da Região Metropolitana, com exclusão da Capital, possuem rendimento médio de R$ 1.130. Os trabalhadores do Interior do Ceará ainda figuram com os piores ganhos mensais, de apenas R$ 955.

“O Estado do Ceará historicamente tem uma renda per capita inferior à média nacional por conta das condições históricas de desenvolvimento atreladas às atividades de baixo valor agregado. É preciso trabalhar com áreas de inovação e tecnologia. São essas áreas que conseguem um maior nível de renda”, explica o presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon) e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Lauro Chaves.

Segundo ele, a Pnad vem reforçar o cenário de desigualdade existente no Ceará e no Brasil. “O extrato de cima da população concentra uma parcela absurda da renda, enquanto que a maior parte tem um rendimento de um salário mínimo e às vezes menor que isso”, acrescenta Chaves.

O professor também explica que, para aumentar o rendimento, é necessário expandir a produtividade e os investimentos realizados em educação e infraestrutura. “Hoje nós falamos em polos de tecnologia, em atividades que agregam valor à economia. Somente com essas atividades nós vamos conseguir reduzir essas desigualdades de renda”, afirma.

Na comparação nacional, o Ceará têm uma das piores médias do País. O Distrito Federal encontra-se em primeiro lugar com rendimento médio de R$ 3.738, seguido de São Paulo (R$ 2.929) e Rio de Janeiro (R$ 2.405). Na outra ponta da tabela, estão Maranhão (R$ 1.157), Piauí (R$ 1.315), Alagoas (R$ 1.332), Bahia (R$ 1.352) e finalmente o Ceará.

Melhora

De acordo com os dados da Pnad Contínua referentes ao terceiro trimestre deste ano, nota-se que houve uma relativa melhora no rendimento médio do Ceará na comparação com igual período do ano passado. Segundo as informações, no terceiro trimestre de 2017 o rendimento médio foi de R$ 1.382, enquanto que em igual período de 2016 foi de R$ 1.302. Também houve melhora nos rendimentos entre homens e mulheres, apesar de ainda haver diferenças.

Já em Fortaleza, conforme dados da Pnad, o rendimento médio do trabalhador subiu de R$ 1.857 para R$ 2.073 na comparação do terceiro trimestre do ano passado com igual período deste ano.

Outras fontes

Considerando a renda proveniente de todos os trabalhos e de outras fontes, dos 8,1 milhões de habitantes do Ceará, 57,6% (5,1 milhões de cearenses) tinham alguma forma de rendimento. O número de pessoas cuja fonte de renda era algum trabalho foi de 3,2 milhões no Estado (36,5% da população).

O rendimento médio no Ceará, calculado entre todas as pessoas que declararam possuir alguma renda, era de R$ 1.311. Essa média é menor que a do Nordeste (R$ 1.352) e do que a média nacional (R$ 2.053).

Considerando os rendimentos de outras fontes, o mais frequente entre os cearenses era aquele proveniente de aposentadoria ou pensão (12,9% da população do Estado). A renda oriunda de pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador correspondia a 2,7%. Já 1% da população recebia rendimento proveniente de aluguel e arrendamento, enquanto 12,7% recebiam outros rendimentos, categoria que inclui seguro-desemprego, programas de transferência de renda do governo, rendimentos de poupança etc.

No País

No Brasil, a massa do rendimento mensal real domiciliar per capita foi de R$ 255,1 bilhões. Os 10% com menores rendimentos da população detinham 0,8% dessa massa, Os 10% com maiores rendimentos tinham 43,4%. Entre os 205,5 milhões de residentes no Brasil, 60,5% (124,4 milhões) possuíam algum tipo de rendimento. Desses, 42,4% (87,1 milhões) tinham rendimentos do trabalho e 24,0% (49,3 milhões) recebiam rendimentos de outras fontes.

Já o rendimento médio mensal de todas as fontes, que agrega a renda de todos os trabalhos e de outras fontes da população, foi de R$ 2.053. O Sudeste apresentou os maiores valores (R$ 2.461), enquanto os menores foram no Norte (R$ 1.468) e no Nordeste (R$ 1.352).